Caríssimos,

“Os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis” (Rm 11,29).

Ao celebrarmos o vigésimo quarto aniversário de fundação da Comunidade Católica Querigma, contemplamos a prodigiosa manifestação da Providência Divina que, desde aquele terceiro sábado do mês de novembro do ano de 1997, nos sustenta cotidianamente.

Com efeito, dirigindo-se a Santa Catarina de Sena, o Senhor nos exorta: “Para quem a acolhe, minha providência jamais faltará. Experimentá-la-ão aqueles que realmente nela confiarem, sem ficar só em palavras […]. Somente estará ausente para os que se desesperam ou confiam em si mesmos” (O Diálogo, 30.1).

Assim, sob o influxo da Providência, procuramos responder, afirmativamente, à admoestação com a qual o próprio Jesus suscitou este carisma: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mc 6,37b). Nutridos da Eucaristia, seja pela comunhão diária, seja pela adoração permanente ao Santíssimo Sacramento, haveremos de nos tornar alimento espiritual para os irmãos.

Entretanto, hoje, somos impulsionados, também, a avistar, no horizonte próximo, nosso Jubileu de Prata. No âmbito da tradição judaico-cristã, os anos jubilares recapitulam a Misericórdia de Deus.

Recordamo-nos, então, de Jesus, que revela uma profunda compaixão pela numerosa multidão que o aguardava – porque eram como ovelhas que não tinham pastor –, e começa a lhes ensinar muitas coisas (cf. Mc 6,34).

Aqui, São João Paulo II nos esclarece: “O verdadeiro significado da misericórdia não consiste apenas no olhar, por mais penetrante e mais cheio de compaixão que seja, com que se encara o mal moral, físico ou material. A misericórdia manifesta-se com a sua fisionomia característica quando reavalia, promove e sabe tirar o bem de todas as formas de mal existentes no mundo e no homem. Entendida desta maneira, constitui o conteúdo fundamental da mensagem messiânica de Cristo e a força constitutiva da sua missão. Desta mesma maneira entendiam e praticavam a misericórdia os discípulos e seguidores de Cristo. A misericórdia nunca cessou de se manifestar nos seus corações e nas suas obras, como prova particularmente criadora do amor, que não se deixa ‘vencer pelo mal’, mas vence ‘o mal com o bem’” (Carta Encíclica Dives in Misericordia, sobre a Misericórdia Divina, n. 6).

Em seu Diário, Santa Faustina Kowalska já nos advertia: “A alegria dos outros é minha alegria, e o sofrimento dos outros é meu sofrimento, porque de outra forma eu não ousaria conviver com Nosso Senhor. O espírito de Jesus é sempre simples, bondoso, sincero. […] Uma palavra severa, mas decorrente dum amor sincero, não fere o coração” (n. 633).

Portanto, Providência e Misericórdia constituem expressões eloquentes do Amor do Pai, o qual somos chamados a transbordar.

Ademais, se a Providência confirma nossa história, a Misericórdia projeta-nos para o futuro. De fato, os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis.

São Carlos, 20 de novembro de 2021

Memória litúrgica de Nossa Senhora Mãe da Divina Providência

Padroeira da Comunidade Católica Querigma

Luis Eduardo Duarte Novais

Cofundador e Moderador-Geral


A Vocação Universal dos Batizados à Santidade